Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Território em Disputa: A Saga Esquecida do Litígio entre Piauí e Ceará

Você vai aprender neste artigo:

Litígio entre Piauí e Ceará

Litígio entre Piauí e Ceará, descubra os segredos por trás desta intriga! O renomado historiador Vicente de Paula Araújo Silva mergulha nas origens desse embate histórico.

A disputa de fronteira entre Piauí e Ceará ganha vida através das análises perspicazes do historiador Vicente de Paula Araújo Silva.

Descubra as origens DO LITÍGIO NA DIVISA ENTRE O PIAUÍ E CEARÁ e compreenda a complexidade desse confronto territorial.

Participe desta jornada histórica! Não perca a oportunidade de aprofundar seu entendimento sobre o conflito entre Piauí e Ceará. Laia agora o artigo do renomado historiador Vicente de Paula Araújo Silva e amplie seus horizontes históricos.

A RESPEITO DO LITÍGIO NA DIVISA ENTRE O PIAUÍ E CEARÁ

                                 Por  Vicente de Paula Araújo Silva

A historicidade do Piauí e Ceará através do Maranhão, mostra que após o período das malfadadas Capitanias Hereditárias, o Ceará teve como seu primeiro governante (1603-1605), o açoreano Pedro Coelho de Souza, que esteve a frente da missão guerreira que, em 1604,  expulsou os franceses, comandados por Adolf Montbille, acantonados em uma feitoria na Serra da  Ibiapaba.

Após a criação do Estado do Maranhão, em 1621,  a Capitania do Ceará, ao passar para o Estado do Brasil em 1656, estendia-se ao Norte, desde o rio Jaguaribe até o rio Camocim (Coreaú), seguindo pela Serra da Ibiapaba, onde no seu lado Oeste, outros cursos d’aguas que nascem nesse maciço, com desague em outros rios que desembocam no Rio Parnaíba e oceano,  passaram a pertencer ao Estado do Maranhão.     

Pontal das Almas (Bitupitá)
Pontal das Almas (Bitupitá)

Posteriormente, a Capitania do Ceará, através de C.R. datada de 1663, passou à condição de Capitania Subalterna de Pernambuco, quando avançou a delimitação fronteiriça no litoral, para as barras comuns dos rios Ubatuba e Timonha, no lugar Pontal das Almas (Bitupitá), pelo lado do Ceará, atendendo a uma antiga demanda do governante da Capitania do Ceará (1611 -1613; 1621-1631), Martim Soares Moreno.

Fatos sobre litígio entre Piauí e Ceará

Dentro do critério de interesse da Coroa no avanço da divisa da Capitania do Ceará, subalterna à de Pernambuco, sobre a do Maranhão, a cronologia seguinte registra alguns fatos sobre o assunto:

  • Carta do Reino (C.R.) em 29/11/1694, comunicando ao Governador do Maranhão que os índios da Ibiapaba deverão ser missionados pelos religiosos que assistem ao Ceará.
  • Carta do Reino em 08/01/1697, mandando fazer no Ceará um hospício para os missionários da Companhia de Jesus e dar-lhes terras e côngruas para a sua sustentação, além de sesmarias aos índios, a partir da barra do Camucim (Coreaú), a pedido do Padre Ascenço Gago.
  • Carta do Reino, em 08/01/1699, ao governador de Pernambuco, ordenando-lhe que determinasse ao Capitão-mor do Ceará, o exame dos rios Parnaíba e Paraim (Poti). Esta ordem régia foi reiterada por outra de 5 de setembro do mesmo ano, dirigida ao mesmo governador de Pernambuco, que em virtude do parecer do Conselho Ultramarino de 07/07/1699, este assim procedesse, conforme mostra o seguinte trecho transcrito:

“(…) mande sondar o rio Parnaíba pelo capitão-mor do Ceará, e por aquelas pessoas práticas, e se saiba a qualidade do porto que tem, e se é capaz de ser fortificado, e as conveniências que se poderão seguir de se povoar”.

Autorização para avançar pelas terras piauienses

Confirmando o interesse do Conselho Ultramarino em fazer avançar e povoar a divisa do Estado do Brasil com o Estado Maranhão, foi enviada outra Carta Régia (C. R.) em 18/07/1699, conforme mostra o trecho transcrito a seguir:

— “faça examinar este porto, da Parnaíba, a entrada que tem, e se é capaz de ser fortificado, e o fundo assim do mar, como depois de entrado no rio, a largura da barra, e os baixos que tem, assim descobertos como os baixos da água, para se tomar neste particular a resolução que parecer conveniente”.

Para tal fim, neste mesmo ano, o militar Leonardo de Sá, vindo do Ceará, esteve na região da Parnahiba, preparando o ambiente para concretizar o real interesse da Coroa na colonização da região, dentro de critérios adotado de bem servir a Deus e ao Rei, submetendo o gentio rebelde que ainda resistia à colonização, desde as cabeceiras dos rios Pirangi, Ubatuba, Timonha e Camorupim na Ibiapaba, até a barra do Igaraçu, lugar pretenso para um ancoradouro, seguido de povoação.

As missões Jesuítas na Ibiapaba

Daí, a ação evangelizadora dos padres Ascenso Gago e Manuel Pedroso, a partir de 1700, na Missão da Ibiapaba, ampliando o território das missões na região compreendida entre o Rio Coreaú e o Parnaíba, quando consolidou o domínio da Capitania de Pernambuco, avançando, a divisa da Capitania do Ceará sobre o atual Piauí, até a barra do Rio Igaraçu no Oceano Atlântico, após outra operação militar na região em 1701, comandada por João Pires  de Brito, Sargento-Mor da Tropa de Manuel Álvares de Morais Navarro, na guerra dos bárbaros na Paraíba e Rio Grande do Norte.

Após os fatos mencionados, os jesuítas Ascenso Gago e Manuel Pedroso, Já com a sede da missão na atual cidade de Viçosa [altiplano da Ibiapaba], tiveram por conta da defesa dos interesses da Coroa portuguesa, com vistas à colonização empreendida pela Capitania de Pernambuco, contemplações de Sesmarias em favor deles, parentes e outros colonizadores, na área entre a barra do rio Camocim (Coreaú), desde as Fazendas Tiaya de Cima e Tiaya de Baixo, indo até o encontro dos rios  Funil (Portinho) e Igarassu (braço do rio Parnaíba), que em sua barra desagua no Oceano Atlântico.

As Origens de Parnaíba

NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAHIBA
IGREJA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAHIBA Rua Duque de Caxias

O avanço da fronteira do Siará Grande sobre o Maranhão, foi pacificado após a criação da Villa de Nossa Senhora do Monserrathe da Parnahiba em 1711, e a doação pelo Governo do Maranhão da Ilha Grande a João Gomes do Rego  “Barra” [1725], situada entre as barras dos rios Igaraçu (Braço do Parnaíba) e Parnaíba (Canárias), terra de domínio da Capitania do Maranhão.

Sob estes limites, em tutela de Pernambuco, ocorreram muitas doações de sesmarias na região pertencente ao Siará Grande, entre elas a Simplício Dias da Silva [1804 -CE 0666);1808-CE 0682], Domingos de Freitas Caldas [em 1797-Carta CE-0633;1807-Carta CE-0677] e outros moradores na Villa de São João da Parnahiba, comprovando essa linha poligonal divisória entre as Capitanias  do Ceará e Maranhão. Esta fronteira só foi alterada com o Decreto Imperial, assinado em 1880, por Dom Pedro II, formatando as atuais Região Norte do Ceará e Piauí, com limites nos altiplanos do maciço da Ibiapaba, ainda hoje discutidos no âmbito da Justiça Federal.

A demarcação da divisa entre Piauí e Ceará

Considerando o Decreto Imperial assinado por Dom Pedro II em 1880, sendo a linha poligonal demarcatória da fronteira na aba oeste do maciço da Ibiapaba, a interligação entre as nascentes dos rios e riachos que descem em direção ao mar [Timonha, Pirangi, Arabê ou Piracuruca,  Catarina e Poti, entre outros, o Piauí só tem a ganhar.       

Todavia, sabe-se que o espaço geográfico em tela, como qualquer outro, foi e será sujeito a interesses sociais e econômicos dominantes. Daí, dentro de um critério técnico, o Piauí deve levar vantagem na correção da divisa entre os dois estados, o que certamente causará inquietação em moradores dos municípios afetados, principalmente por causa do sentimento de identidade cearensês.

Conclusão

À medida que encerramos esta exploração, lembramos que a história muitas vezes revela intrincados enigmas que moldam nossa compreensão do presente. O litígio entre Piauí e Ceará é mais do que uma disputa territorial; é um reflexo das camadas históricas entrelaçadas, algo que Vicente de Paula Araújo Silva nos ajuda a desvendar. Convidamos você a ler outros artigos de nosso site e a mergulhar ainda mais fundo nesse intrincado cenário histórico, trazendo à luz as nuances de nossa história. A história é uma viagem constante, e esses desafios fronteiriços são apenas uma parada em um percurso muito maior, repleto de descobertas e aprendizados.

Espero que tenha gostado! 

Compartilhe e ajude a divulgar nossa cultura com mais pessoas.

Você gostar também destes artigos:

Comente o que achou:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja mais

Posts Relacionados

Grupo do Xaxado do Girassol do Sesc: Descubra 0 Segredo da Vitalidade na Pessoa Idosa

Grupo do Xaxado do Girassol do Sesc: Descubra 0 Segredo da Vitalidade na Pessoa Idosa

O Grupo do Xaxado do Girassol do Sesc promove saúde e bem-estar para a pessoa idosa através da dança e atividades sociais, oferecendo um ambiente de inclusão e vitalidade.

Identidade de Parnaíba: Entre as Letras e o Rio

Identidade de Parnaíba: Entre as Letras e o Rio

Identidade de Parnaíba: um mergulho na essência cultural e literária às margens de seus rios, onde a história se entrelaça com a poesia, revelando a identidade singular dessa cidade encantadora.

A Carnaúba: O Ouro Verde do Piauí na déc. de 40

A Carnaúba: O Ouro Verde do Piauí na déc. de 40

Introdução: No coração do Nordeste brasileiro, reina uma palmeira singular: a carnaúba, carinhosamente conhecida como "árvore da vida". Sua presença majestosa não apenas adorna a paisagem árida, mas também oferece

Desvendando Parnaíba: 6 Conjuntos Arquitetônicos Únicos!

Desvendando Parnaíba: 6 Conjuntos Arquitetônicos Únicos!

Descubra em Parnaíba seis conjuntos arquitetônicos únicos. Da história à cultura, cada um conta uma história diferente, esperando para ser explorada.

Preservação Histórica e Desenvolvimento Urbano de Parnaíba, PI

Preservação Histórica e Desenvolvimento Urbano de Parnaíba, PI

Preservação Histórica: Cuidando do legado para o amanhã, mantendo viva a identidade e a história de uma comunidade para inspirar as gerações vindouras.

Parnaíba no Século XIX: A Influência da Cidade na Formação e Independência Nacional

Parnaíba no Século XIX: A Influência da Cidade na Formação e Independência Nacional

Descubra o papel de Parnaíba no século XIX e na independência do Brasil, destacando sua importância histórica e econômica. Explore como a cidade desempenhou um papel crucial na emancipação nacional, enfrentando desafios políticos e sociais. Uma análise do contexto histórico revela sua contribuição para a formação do Brasil como nação independente.

Instagram
WhatsApp