Catedral Nossa Senhora da Graça, muitos piauienses não sabem, mas Parnaíba é sede de uma das mais belas igrejas do Brasil.
Olá, seja Bem-Vinda e Bem-Vindo ao site CONHEÇA PARNAIBA!
Neste post você vai conhecer um pouco sobre a Igreja Nossa Senhora da Graça, a Catedral de Parnaíba.
Um dos pontos turísticos mais tradicionais e com grande significado para a cidade de Parnaíba, desconhecido até por muitos parnaibanos.
A Igreja de Nossa Senhora da Graça é um verdadeiro cartão postal da cidade, e vale a pena conhecer.
A Igreja de Nossa Senhora da Graça é uma das mais visitadas de Parnaíba.
Os piauienses e turistas estrangeiros que passam pela cidade não resistem e visitam a igreja.
Conheça agora mesmo essa Igreja linda aqui no nosso site, não deixe para depois….
A Presença dos primeiros Religiosos na região de Parnaíba
Os primeiros registros da presença de religiosos na região de Parnaíba foram feito pelo Frei franciscano André de Thevét, ele teve contato com os índios Tremembés entre os anos de 1589 e 1595 como afirma Marques (1995, p.82).
Porém, deste período até a autorização para a construção da primeira capela em Parnaíba passaram vários missionários pela região.
Em 1607 chegam os Jesuítas à Ibiapaba, Viçosa CE (Barreto, 2006 p. 16) e em 1616, se tem o registro de que os índios ajudaram a construir o primeiro templo católico do Piauí, igreja de Nossa Senhora do Rosário, no povoado Frecheira da Lama, hoje município de Cocal, antigo termo da vila de São João da Parnaíba (Mavignier 2017, p. 89).
Outro registro importante se dá com a fundação da missão de São Francisco Xavier, na serra do Ibiapaba fundada por Pe. Antônio Vieira em 1656 (Barreto, 2006 p. 58).
Ele mesmo dá notícias do delta do Parnaíba, quando passa pela barra das Canárias indo visitar sua missão no Ibiapada no ano de 1660 (Marvinier 2017, p. 99).
O fato de se demorar tanto tempo para construir a primeira capela em Parnaíba não significa que por estas bandas não havia ainda uma luta sendo travada pelo domínio da terra.
A Primeira Igreja de Parnaíba não é a Catedral Nossa Senhora da Graça
Ao contrário do que muitos pensam a catedral não foi a primeira igreja da cidade.
E a primeira Igreja não está localizada na praça da matriz. É a Igreja de Nossa Senhora de Monserrathe ou Monte Serrate. Localizada na rua Duque de Caxias, bem próximo a ponte Simplício Dias.
Vamos ver como se deu esta história.
Foi, então, que em 1711, o coronel Pedro Barbosa Leal, enviou ao bispado de São Luis do Maranhão, um documento que constava de um pedido de autorização para que no povoado fosse construída uma capela dedicada a Nossa Senhora do Monte Serrate.
A data de 11 de junho de 1711, quando foi autorizada a construção da igreja de Nossa Senhora de Monserrathe, é uma das datas Magnas da Memória da Existência da Parnaíba.
A Implantação do povoado não se deu sem resistência. Os verdadeiros donos do local lutaram muito para não terem suas terras invadidas, fizeram muitos boicotes na tentativa de evitar o domínio.
O Índio Mandu Ladino foi o maior representante desta resistência em toda essa região.
Segundo Santos (1995), a luta que se travava com os índios Tremembés fez com que a imagem da padroeira fosse transferida para Piracuruca (município ao sul de Parnaíba), por motivos de segurança, onde se encontra até os dias atuais.
Como bem diz a história, os Tremembés são exterminados e a história da conquista do colonizador segue seu curso.
E em 18 de agosto de 1762, houve a elevação do povoado à categoria de Vila de São João da Parnaíba, cujo padroeiro passou a ser São João Batista, que, ainda segundo Santos (1995, p. 169):
“o sentimento de religiosidade da nova Vila, fez com que pensassem na construção de uma capela ampla para atender a manifestação de sua fé católica”.
Catedral Nossa Senhora da Graça de Parnaíba.
Foi então que anos mais tarde iniciou-se a construção da Igreja, que seria dedicada a Nossa Senhora Mãe da Divina Graça. E mais uma vez houve a mudança do santo padroeiro de Parnaíba, permanecendo até os dias atuais.
Sua construção teve início no ano de 1767 pelos padres Inácio de Oliveira e José Lopes Pereira, a igreja era conhecida como capela de Nossa Senhora da Divina Graça.
Segundo Antônio Rodrigues Ribeiro em seu livro Parnaíba Presente do Passado:
“a obra da Igreja da Graça contou com uma divisão de funções em que foi confiada a João Paulo Diniz, a construção da capela-mor; aos Dias da Silva coube a construção da capela do Santíssimo Sacramento; ao povo coube a participação com o trabalho e a participação no acabamento das torres”.
A finalização da construção da igreja Matriz coube aos filhos de Domingos Dias, Simplício e Raymundo Dias da Silva, que concluíram a obra em 1795.
E “em 1805, foi criada a paróquia da Vila de São João sob a invocação de Nossa Senhora da Graça, por provisão do Bispo diocesano do Maranhão, Dom Brito Homem” (Mavignier (2005, p.66).
E em 14 de agosto de 1844, a Vila de São João da Parnaíba, por meio da lei nº 166 sancionada por José Ildefonso de Sousa Ramos, foi elevada à categoria de cidade, e, junto ao desenvolvimento estava a população essencialmente católica com o anseio de transformar a igreja Matriz em um Bispado.
De acordo com Santos (1995), em 1898 foi enviado ao Papa Leão XIII o pedido de Bispado no Piauí tendo como sede Parnaíba.
O trabalho de transformar a igreja Matriz em Bispado foi do sacerdote Monsenhor Roberto Lopes Ribeiro, que durante o período de 1921 a 1947 esteve à frente deste feito.
Finalmente, em 16 de dezembro de 1944, pela Bula Papal de Pio XII, foi criado o Bispado de Oeiras e Parnaíba.
Afirma Santos (1995, p.170) que “assim em 08/09/1945, Parnaíba recebe festivamente seu primeiro Bispo: Dom Felipe Condurú Pacheco […] permaneceu até 1959”.
Atualmente (2023), a Catedral de Parnaíba tem como Bispo Dom Juarez Sousa da Silva, que é responsável por todas as paróquias da cidade e de toda a Diocese de Parnaíba, e tem como Pároco o Pe. Edmar Silva de Lima.
Anualmente, no segundo semestre ocorre entre os dias 29 de agosto e 08 de setembro, o festejo em louvor a Nossa Senhora da Graça que conta com a presença de fiéis da cidade de Parnaíba e de regiões próximas.
A Arquitetura da Catedral de Nossa Senhora da Graça
A Igreja de Nossa Senhora da Graça é uma das mais raras edificações barrocas do Piauí. Está localizada no Conjunto Praça da Graça como ficou denominado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a partir do seu tombamento em 2008.
O referido Conjunto é marcado por edificações de estilos ecléticos e art déco, que seguem ainda os padrões de alinhamento frontal e ausência de afastamentos laterais, característicos de ocupação do lote no período colonial, conforme apontou laudo técnico deste Instituto. (MOREIRA ,2012)
A igreja possui uma arquitetura colonial exibindo o estilo barroco com detalhes também do estilo rococó, construída com bases sólidas de pedra, paredes grossas preenchidas com conchas e argamassa à base de óleo de baleia, técnicas típicas das construções europeias da época.
De acordo com Moreira (2012), no que diz respeito ao material e objetos decorativos utilizados na Igreja, parte é oriunda de Portugal e da França, bem como os artistas que ajudaram na construção do Altar-Mor e da Capela do Santíssimo.
Com relação às reformas Moreira (2012) também destacam alguns aspectos:
Várias reformas modificaram seu aspecto original como, por exemplo, na reforma de 1936, quando houve a modificação do perfil de suas duas torres que se encontram na lateral da Igreja e onde ao centro se localiza uma cruz.
Em uma das torres está o relógio e na outra o sino, que diariamente o som de seu bimbalhar se caracteriza como um chamado para a renovação da fé.
A seguir estão imagens da Catedral antes e depois da reforma de 1936:
Reforma de 1950
O Altar-Mor da Catedral Nossa Senhora da Graça
No interior da Catedral, ao centro, se encontra o Altar-Mor com a imagem de Cristo Crucificado bem ao alto, e abaixo a imagem de Nossa Senhora da Graça, originária de Portugal, da época de construção da Igreja.
A parte superior do Altar-Mor é toda revestida em ouro e outra parte de sua pintura é em cor dourada.
O belíssimo altar-mor é decorado com detalhes em madeira de lei num rico acabamento de dourado e branco-marfim sobre o fundo azul-claro.
O Forro da Catedral de Nossa Senhora da Graça
Ainda se referindo ao interior da Catedral, o forro é de madeira pintada de cor azul, porém existe um desenho no forro do Altar-Mor, não perdendo suas características após a última reforma em 1982, realizada pelo Bispo Dom Edvaldo Amaral.
Capela do Santíssimo Sacramento
Do lado esquerdo de quem entra na Catedral está a Capela do Santíssimo Sacramento, exclusivamente construída pelos Dias da Silva, onde o altar se destaca por ser em talha revestida de ouro.
Capela de Bom Jesus dos Passos
Do lado oposto à Capela do Santíssimo está a Capela de Bom Jesus dos Passos que pertencia às famílias Silva Henriques e Miranda Osório
Mudança do piso original
De acordo com Silva (1987), nas sucessivas reformas que sofreu a Igreja, uma delas foi a mudança do piso original que era de tijolos de barro cozido que na reforma de 1936 foi mudado, em partes, pelo piso de pedra e na reforma de 1982 passou a ser completamente de pedra.
Em seu piso e paredes estão os restos mortais de seus benfeitores, pessoas ilustres da sociedade parnaibana, principalmente a família Dias da Silva.
Outra significativa mudança foi o deslocamento, para as dependências internas da Igreja, do lavabo entalhado em pedra datado do século XVIII.
Apesar da igreja Matriz de Parnaíba ainda contar com alguns objetos originais desde a época de sua construção, grande parte foi extraviada e até os dias atuais não se sabe o paradeiro.
Sentimento religioso
As reformas sofridas pela Catedral em nada afetaram o sentimento religioso do povo parnaibano, e sempre tiveram como objetivo principal a melhoria para acolher os que a frequentam, apesar da perda de parte de seus traços originais.
Conforme Silva (1987, p. 135):
“a Catedral de Parnaíba é um relicário histórico pelas belezas artísticas que encerra; e principalmente pela extraordinária repercussão que sempre manteve nos mais empolgantes feitos da história”.
Em 2023, a Catedral de Parnaíba comemora 252 anos e mantendo-se em bom estado de conservação, se comparado com algumas edificações históricas de sua época.
Descrição da Igreja
Observe agora essa descrição detalhada feita pelo historiador Antonio Rodrigues Ribeiro nas paginas 69 e 70 de seu livro Parnaíba Presente do Passado:
Na fachada estão três portas e em cima destas estão três janelas, todas molduradas com pedras de cantaria, trabalhadas em Portugal.
Sobre a porta central está a rosácea, bem trabalhada, cujo significado desconhecemos.
No frontispício, no local onde normalmente se colocava a ordem religiosa, estão afixadas duas datas: 1770 e 1936.
O primeiro ano se refere ao início da construção do templo e o segundo à reforma feita por Monsenhor Roberto Lopes, na época, pároco da igreja.
Duas torres ladeiam a entrada principal denotando o poderio da localidade, uma vez que a quantidade de torres significava riqueza, pois recolhiam mais impostos.
A espessura das paredes chega a quase dois metros, combinada com grossas colunas internas de sustentação que permeiam a disposição de arcos e abóbodas que contribuem para a grande acústica no interior do ambiente.
Capela do Santíssimo
Do lado esquerdo de quem está de frente para o altar, fica a capela do Santíssimo Sacramento.
Também conhecida como capelinha dos Dias da Silva, porque nela estão sepultados Domingos (falecido em 16 de janeiro de 1793) e seus dois filhos Simplício e Raimundo Dias da Silva. (Conheça a historia deles também)
Já do lado direito encontra-se a capela do Bom Jesus dos Passos.
Nas paredes laterais da Igreja estão entalhadas diversas lápides em mármore notificando várias pessoas ilustres que foram sepultadas ali no passado.
Na parede do fundo há uma porta que dá acesso a uma escadaria, que segundo dizem, conduzia ao casarão vizinho dos Dias da Silva.
O descuido com o Patrimônio Histórico
Sobre o interior da Igreja o escritor Pontes (p.86) faz uma descrição bem realista sobre os descuidos com o patrimônio histórico:
O interior da matriz de Nossa Senhora da Graça, com destaque para o altar mor, tendo no centro superior a imagem de Cristo Rei, há anos substituída pelo Cristo Crucificado e abaixo, em nicho de rica talha barroca, a imagem bicentenária de Nossa Senhora da Graça (para alguns estudiosos de hagiologia, Nossa Senhora do Leite).
A Cobertura, originalmente de ardósia, foi substituída; o piso, após sucessivas alterações, passou a ser granito; os lampadários de prata da Capela do Santíssimo Sacramento onde estão sepultados os membros mais ilustres da família Dias da Silva foram furtados há algumas décadas e grande parte da talha em folha de ouro foi criminosamente pintada com tinta dourada, gerando ao antigo templo prejuízos irreversíveis.
Agora veja algo curioso:
Segundo Antônio Rodrigues até o início da década de 70 havia uma lápide incomun; ela informava o sepultamento, naquele local, dos restos mortais do cavalo de estimação de Simplício Dias da Silva.
Com as reformas a lápide foi retirada do recinto da Igreja, talvez porque depusesse contra a insolência do referido benfeitor com relação ao clero e a religiosidade do povo.
Será verdade este fato? O que você sabe sobre isso?
Se não é verdade é, no mínimo curioso!
Mas caso você queira saber mesmo o que de “fato” houve leia o conto: ” A Caveira do Burro” do escritor Pádua Marques.
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CONCLUSÃO
O nosso objetivo é contribuir com o turismo cultural e popularizar saberes sobre nossa cidade.
Temos aqui no site vários resumos, indicações de links e de fontes bibliográficas para você aprofundar seu conhecimento sobre Parnaíba.
Verificamos através de pesquisas que há a necessidade de maior valorização do Turismo Cultural por parte das empresas que trabalham na área.
Este foi um resumo histórico sobre a Igreja Matriz de Parnaíba.
Espero que tenha gostado deste artigo.
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Fonte
Ribeiro, Antonio Rodrigues. Parnaiba, Presente e Passado. Ed. Gráfica Ferraz, 2003
MOREIRA, Safira Castro; PERINOTTO, André Riani Costa. A Igreja de Nossa Senhora da Graça como produto turístico (Parnaíba – PI). Turismo: Estudos e Práticas – UERN, Mossoró/RN, vol. 1, n. 2, p. 118-141, jul./dez. 2012.
MARQUES, Renato Neves. O Apóstolo dos Tremembés. In: Almanaque da Parnaíba. Nº 62. Parnaíba: UFPI, 1995.
MAVIGNIER, Diderot. No Piauhy na terra dos Tremembés. Parnaíba: 2005.
PONTE, Ailton Vasconcelos. O tombamento municipal e sua relevância para Parnaíba. Teresina: Sistema Fecomércio Piauí, 2004.
SANTOS, Sólima Genuína. O catolicismo em Parnaíba. In: Almanaque da Parnaíba. Nº 62. Parnaíba: UFPI, 1995.
SILVA, Maria da Penha Fonte e. Parnaíba, Minha Terra: Crônicas. Parnaíba: 1987.
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