Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

João Paulo Diniz O BENFEITOR DA VILLA DA PARNAHIBA a partir de 1768

Você vai aprender neste artigo:

Igreja de Nossa Senhora da Graça de Parnaiba,

João Paulo Diniz: O homem que trouxe a família DIAS para Parnaíba

Por Vicente de Paula Araújo da Silva

Conheça a história do homem que trouxe a família DIAS para Parnaíba

João Paulo Diniz teve grande influência no Pará, Maranhão e Piaui

Descubra agora o que ele fez por toda a região de Parnaíba

Leia  o post e seja uma das poucas pessoas a conhecer as origens de nossa história

OLÁ, SEJA BEM-VINDA E BEM-VINDO AO NOSSO SITE!

Quem foi João Paulo Diniz?  

 Escrevo com informações de Edgardo Pires Ferreira (2013) e de Reginaldo Miranda (João Paulo Diniz, pioneiro da indústria de charque no Piauí, no portal Entretextos, em 2017).

João Paulo Diniz nasceu em Portugal. Faleceu depois de 1792, provavelmente em Parnaíba.

Veio do Reino para o Maranhão no final da década de 1750. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, por ordem do marquês de Pombal, João Paulo Diniz ocupou a fazenda da Santa Cruz das Pedras Preguiças e respectiva casa-grande, propriedade dos padres em Barreirinhas, no Maranhão.

Foi fazendeiro de criação, agricultor, industrial e comerciante. (Inserido no ciclo do gado)

Pecuária no Brasil
Entende-se por ciclo do gado, na história do Brasil, o período situado entre meados do século XVI e o final do século XVIII (imagem ilustrativa)

Antes de 1758, ele já se encontrava no que logo seria a vila da Parnaíba, no Piauí, criada oficialmente como vila de São João da Parnaíba em 18 agosto 1762.

João Paulo Diniz convida Domingo Dias para morar em Parnaíba

Em 1768, foi nomeado, pelo Capitão-General dom Fernando da Costa de Ataíde Teive, para o cargo de administrador da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, no vale do rio Parnaíba, estabelecendo-se na vila de São João da Parnaíba.

Por volta desse mesmo ano, o de 1768, João Paulo Diniz tinha convidado seu parente Domingos Dias da Silva, radicado no Rio Grande do Sul, a entrar nos negócios de charqueadas no Piauí (não confundir com Domingos Dias da Silva, meu sétimo-avô, pai de Antônio Carvalho de Almeida, meu sextoavô patrilinear). Em 1769 é encarregado, pelo mesmo dom Fernando, de ajudar no abastecimento de carne de Belém do Pará, que consumia entre 28.000 e 30.000 bois por ano. Em tudo está evidente o papel de

João Paulo Diniz protagonista da Indústria do charque  

Carne de Charque
Pioneiro da Indústria do Charque

João Paulo como protagonista da indústria de charque, seja no então Estado do Grão-Pará e Maranhão, seja no Estado do Brasil, ao sul.

Logo, em 1770, abria novos caminhos para trazer seus rebanhos da região de Balsas e Pastos Bons, no sul do Maranhão, onde possuía várias fazendas de gado, até a foz do rio Parnaíba. Organiza açougues e oficinas de carne seca na foz do rio Balsas, para onde vaqueiros tocam imensas boiadas, que ali eram abatidas; o sal vinha rio acima.

A carne, depois de retalhada e salgada, era transportada em barcos pelo rio Parnaíba abaixo, até o Porto das Barcas, de onde seguia em sumacas para Belém.

Tornou-se, rapidamente, o maior fazendeiro da região em geração de receita, com a verticalização do processo produtivo: desde o boi em pé até o charque, o couro e os solados para sapatos e botas.

De rigor, foi o pioneiro da industrialização da carne-seca em todo o Brasil, precedendo nessa atividade o Ceará e o Rio Grande do Sul. Seus produtos eram enviados para Alcântara, São Luís, Belém, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Seu couro e seus solados de couro iam para o Reino.

João Paulo Diniz foi ainda também pioneiro na produção do algodão no Maranhão.

João Paulo Diniz e a feitoria do Porto Salgado

Porto das Barcas
Porto das Barcas antigo Porto Salgado

       João Paulo Diniz, em 24 de abril de 1776, firmou contrato com a Câmara Municipal de Tutóia, no Maranhão, para o arrendamento da ilha do Caju, onde introduziu o gado vacum.

        Sabe-se que João Paulo Diniz, com outros, desenvolveu a feitoria do Porto das Barcas, antes Porto Salgado, em Parnaíba, para a comercialização e exportação especialmente da carne-seca.

João Paulo Diniz o militar

        No que importa a atividade militar, que todos os poderosos deviam desenvolver àquele tempo, João Paulo foi capitão-mor de Parnaíba. Em 9 de março de 1777 lhe foi passada a patente de mestre de campo da cavalaria de ordenanças do Piauí. Na qualidade de militar, foi membro da Junta Trina de Governo da capitania do Piauí, em 1788.

João Paulo Diniz forma família

Alcântara Maranhão
Alcântara Maranhão

       João Paulo Diniz casou-se em São Matias de Alcântara, Maranhão, com Rosa Maria Joaquina Pereira de Castro, nascida em São Matias de Alcântara, falecida em Parnaíba. Rosa Maria seria herdeira de abastado comerciante estabelecido em Alcântara. Em Parnaíba, João Paulo Diniz e esposa construíram a capela-mor da igreja matriz de Nossa Senhora da Graça, na Praça da Graça, depois de terem mandado refazer a nave central, o teto e o forro. Em 1777, a Cúria metropolitana de São Luís autorizou a bênção do templo reformado. No ano seguinte, o casal doou à paróquia uma casa na praça da igreja.

João Paulo Diniz e as autoridades

      O empreendedorismo de João Paulo Diniz era estranhado pelas autoridades. O Capitão-General dom Fernando da Costa de Ataíde Teive, acima referido, escreveu ao seu subalterno o governador do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, em 1770:

Sumaca
De origem holandesa, foi bastante utilizada entre os seculos 16 e 17 na costa norte da Alemanha e nos Mares Bálticos. Seu desenho espalhou-se por outros países, adquirindo características específicas. Embarcação de uma vela, podia carregar de 20 a 100 toneladas de carga.

       Um dos homens de negócio da Parnaíba, chamado João Paulo Diniz, veio aqui trazer duas sumacas de carne-seca para a Fazenda Real, tendo-se-lhe encarregado este transporte o ano próximo passado. E havendo na referida Vila alguma implicância como ele me informa, sucedeu duvidarem-lhe um piloto, que necessitava, para dar rumo a uma das embarcações, o qual, com efeito, recebeu a bordo dela, não obstante os embaraços que achou.

Agora, porém, receia que na mesma Vila lhe façam alguma alcavala, de que saia prejudicado. E para evitar qualquer acontecimento contrário ao giro de seu negócio, passará V. Sa., as ordens que forem conducentes a este fim, visto andar o dito homem em serviço de S. Maj., e de tanta ponderação, que dele se deveu muita parte desta navegação até o presente ignorada (CABACap. Livro 2. 2.ª Parte. p. 51-51v).

João Paulo Diniz foi o pioneiro da indústria de charque no Piauí, e também em toda a América Portuguesa. Antecedeu a Domingos Dias da Silva, que, logo mais tarde iria ser conhecido na indústria e comércio parnaibano, sendo mais festejado que João Paulo, em vista da abundância material a que atingiu.

O falecimento de João Paulo Diniz

       Faleceu em ano ainda ignorado, provavelmente em sua casa, na antiga vila de São João da Parnaíba.” 

    Ainda sobre o biografado por seu descendente, não se tem a confirmação onde ele esteve antes de chegar ao Maranhão e Piauí, bem como, a sua ligação com o português Domingos Dias da Silva. Entretanto, a documentação mostrada em capítulos anteriores, mostra passagens de sua vida nas capitanias do Maranhão e Piauhy, ratificando o texto do seu descendente, chamando atenção para os seguintes fatos:

Fatos que envolvem João Paulo Diniz

1 – A sua relação com a região sul do Maranhão antes de 1772, está marcada na Carta de Sesmaria do rei [D. José], de 13 de março de 1772, confirmando a ele, morador na Parnahiba, a propriedade da Fazenda Nossa Senhora da Conceição, junto ao rio Balsas, na freguesia de Pastos Bons, capitania do Maranhão.  Ver doc. 1875: 5804. AHU_ACL_CU_009, cx. 45, O. 4437, anexo carta de sesmaria. AHU-Rio de Janeiro, cx. 102, doe. 17. AHU_ACL_CU_003, Cx. 21, D. 1875.

2 – Em leilão realizado em Oeiras do Piauí, 26/12/1774, arrematou os dízimos vencidos dos anos 1767 a 1769, das vilas de Parnahiba e Campo Maior;

3- Em ofícios de 24 de outubro de 1775, o governador da capitania do Maranhão, Joaquim de Melo e Póvoas, comunica ao secretário de estado dos Negócios do Reino, marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, e o secretário de estado da Marinha e Ultramar, Martinho de Melo e Castro, a criação da feitoria da vila de São João da Parnaíba e a sua nomeação como seu administrador. Ver: AHU_CU_009, Cx. 49, D.4826 e AHU_CU_009, Cx. 49, D. 48276. ;

4 – O seu nome aparece nos arquivos da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão, na Relação dos colonos residentes no Maranhão que carregaram gêneros à consignação nos navios da Companhia para o porto da Parnahiba, a partir de 1778;

5 – Através de requerimento datado de 08 de agosto de 1778, solicitou à rainha D. Maria I, a confirmação da carta patente no posto de mestre-de-campo no Terço de Cavalaria e Ordenança do Piauí;

6 – Em 7 de abril de 1780, requereu ao governo do Maranhão, confirmação de sesmaria junto ao rio das Preguiças. Ver: [ant. 1780, Abril, 7, Maranhão]. Anexo: 1 bilhete e 1 carta de sesmaria. AHU_CU_009, Cx. 55, D. 5183

João Paulo Diniz é preso inocentemente

7 – Em 1789, quando era membro da junta de governo, enfrentou grande polêmica com o governador e capitão-general do Maranhão e Piauí [Fernando Pereira Leite de Foios], tendo sido suspeito de conluio com o Ouvidor do Piauí, [José Pereira da Silva Manoel], desafeto do governador, tido como o mentor das  desordens que aconteciam na Capitania. Por conhecer de perto o Ouvidor, tinha o conceito que este era um bom Ministro, amante da retidão e justiça e incapaz de fomentar partidos e desordens.

Exposto isso, João Paulo Diniz, até então admirado pelo capitão-general, passou às vistas do Governador como seu rival. Foi nesse clima que, atendendo ao chamado do capitão-general [Fernando Pereira Leite de Foios], chegou a São Luís, consciente de sua isenção em delitos cometidos, sendo levado preso à cadeia de Santo Antonio, na Villa de Alcântara. Sentindo as amarguras da prisão e doente por uma enfermidade adquirida em serviços prestados à Coroa, apelou à clemência da rainha [D. Maria], em requerimento datado de 30 de agosto de 1790, quando afirmando a sua inocência, descreveu toda a sua trajetória de homem honrado, na vida militar e econômica das capitanias do Maranhão e Piauí.

Finalmente, em 31/03/1791, foi confirmada a sua libertação, quando, já alquebrado pela moléstia que o consumia, voltou a residir na região da Parnahiba, onde faleceu, deixando os seus negócios ao cargo do seu genro José Pires Ferreira, o introdutor dessa família no Piauí e Maranhão. AHU-Piauí, cx. 14, doc. 31; cx. 15, doc. 4; Maranhão, cx. nv 889 AHU_CU_016, Cx. 18, D. 933.

Conclusão

Neste post viu conheceu a história do homem que ocupou fazendas deixadas pelos Jesuítas quando foram expulsos pelo Marquês de Pombal.

Foi ele também que promoveu a vinda de Domingos Dias, o pai de Simplício Dias, para Parnaíba.

Também foi um dos responsáveis pela construção Igreja Catedral de Nossa Senhora da Graça, na cidade de Parnaíba.

Este homem teve muita influência na sua época e foi notável sua riqueza e poder. Infelismente pouco se sabe sobre seus descendentes, faltam pesquisas.

Espero que tenha gostado de mais uma história sobre os homens que fizeram história na região da Parnaiba.

Compartilhe e ajude a valorizar nossa história.

Fonte

Silva, Vicente de Paula Araújo. Historia da Região da Parnahiba de 1699 a 1799. Villa Mont Serrathe da Parnahiba – Parnaiba: Sieart, 2021.

Comente o que achou:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja mais

Posts Relacionados

Grupo do Xaxado do Girassol do Sesc: Descubra 0 Segredo da Vitalidade na Pessoa Idosa

Grupo do Xaxado do Girassol do Sesc: Descubra 0 Segredo da Vitalidade na Pessoa Idosa

O Grupo do Xaxado do Girassol do Sesc promove saúde e bem-estar para a pessoa idosa através da dança e atividades sociais, oferecendo um ambiente de inclusão e vitalidade.

Identidade de Parnaíba: Entre as Letras e o Rio

Identidade de Parnaíba: Entre as Letras e o Rio

Identidade de Parnaíba: um mergulho na essência cultural e literária às margens de seus rios, onde a história se entrelaça com a poesia, revelando a identidade singular dessa cidade encantadora.

A Carnaúba: O Ouro Verde do Piauí na déc. de 40

A Carnaúba: O Ouro Verde do Piauí na déc. de 40

Introdução: No coração do Nordeste brasileiro, reina uma palmeira singular: a carnaúba, carinhosamente conhecida como "árvore da vida". Sua presença majestosa não apenas adorna a paisagem árida, mas também oferece

Desvendando Parnaíba: 6 Conjuntos Arquitetônicos Únicos!

Desvendando Parnaíba: 6 Conjuntos Arquitetônicos Únicos!

Descubra em Parnaíba seis conjuntos arquitetônicos únicos. Da história à cultura, cada um conta uma história diferente, esperando para ser explorada.

Preservação Histórica e Desenvolvimento Urbano de Parnaíba, PI

Preservação Histórica e Desenvolvimento Urbano de Parnaíba, PI

Preservação Histórica: Cuidando do legado para o amanhã, mantendo viva a identidade e a história de uma comunidade para inspirar as gerações vindouras.

Parnaíba no Século XIX: A Influência da Cidade na Formação e Independência Nacional

Parnaíba no Século XIX: A Influência da Cidade na Formação e Independência Nacional

Descubra o papel de Parnaíba no século XIX e na independência do Brasil, destacando sua importância histórica e econômica. Explore como a cidade desempenhou um papel crucial na emancipação nacional, enfrentando desafios políticos e sociais. Uma análise do contexto histórico revela sua contribuição para a formação do Brasil como nação independente.

Instagram
WhatsApp