AUTOR: Vicente de Paula Araújo Silva*
A Praia da Barra Grande na Rota das Emoções e a história das suas origens
As Emoções surgem quando se conhece a história das pessoas de um lugar.
O Nativo Tremembé e o Colono Português em Barra Grande deram origens a nossa miscigenação
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Leia e conheça as origens desse povo que habita a praia mais balada do litoral do Piauí.
Este post tem o apoio da POUSADA ARUNA KITE em Barra Grande PI
Localização da Praia da Barra Grande
Barra Grande está localizada no Município de Cajueiro da Praia (PI), região nordeste do Brasil.
Faz parte do roteiro turístico Rota das Emoções.
A Rota das Emoções, é a exploração organizada do turismo regional por um consórcio formado pelos estados do Ceará, Piauí e Maranhão.
Com apenas 66 km de extensão, o litoral do estado do Piauí está localizado entre os litorais do Ceará e do Maranhão.
Por muito tempo foi considerado apenas uma passagem entre Jericoacoara e os Lençóis Maranhenses, a famosa Rota das Emoções.
A parada muitas vezes era feita somente para conhecer o deslumbrante Delta do Parnaíba.
Só agora o pequeno litoral do estado vem sendo considerado um ponto de parada quase obrigatório na viagem.
O município de Cajueiro da Praia está localizado no extremo nordeste do estado do Piauí a 402 km da capital, Teresina.
É limitado ao Norte pelo Oceano Atlântico, ao sul e a oeste pelo município de Luis Correia, fazendo fronteira a leste com o estado do Ceará.
O município foi criado pelo desmembramento de 281,75 km² do território do município de Luís Correia, por meio do Decreto nº. 4.810 de 27 de dezembro de 1995 (MACEDO, 2012, pág.82).
A praia de maior expressão é a de Barra Grande, com um povoado que abriga o bom gosto e a tranquilidade de uma vila de pescadores que se transforma a cada ano.
A família dos Veras na Praia da Barra Grande
A Praia da Barra Grande no contexto histórico
Efetivamente, essa região tem muitos fatos históricos em comum a partir do século XVII.
A sua atual condição de zona litorânea do município de Cajueiro da Praia tem uma trajetória de lutas ao longo dos tempos a partir de 1604, quando Pero Coelho de Sousa, vindo da Paraíba chega a foz do Camocim e segue para a Serra da Ibiapaba com o objetivo de expulsar os franceses lá estabelecidos desde 1590, iniciando-se então, o processo de colonização pelos portugueses, da região em tela, que tem muitas estórias registradas ao longo dos tempos, dentre as quais salientam-se:
Em 1607, partem de Recife com destino ao Maranhão, os padres da Companhia de Jesus, Luís Figueira e Francisco Pinto, sendo este último morto pelos tapuias, simpatizantes dos franceses, em 11/01/1608;
Em 1612, os franceses integrantes da expedição de Razilly e Daniel de La Touche, que estavam em viagem para a implantação da Colônia francesa na ilha do Maranhão, aportaram na Ponta de Jericoacoara;
Em 1613, Jerônimo de Albuquerque parte de Recife rumo ao Maranhão com o fim de expulsar os franceses que lá estavam;
Padre Viera e Gonçalo Veras
Em 03/03/1660, partem do Maranhão em visita à missão da Ibiapaba, os jesuítas Pe. Antonio Vieira e Gonçalo Veras, acompanhados do tapuia Jorge Ticuna, filho do chefe Algodão, que havia retornado da viagem a Portugal para agradecer a El Rei, a presença da missão jesuíta na serra da Ibiapaba.
Assim, oficialmente, o Pe. Gonçalo Veras foi o primeiro membro da família Veras a estar nos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará. Outros Veras estabeleceram-se na região.
Cel. João Pereira Veras no Ceará
Em 19/07/1705, o Cel. João Pereira Veras e sua mulher, receberam sesmarias de terras a partir do mar pelo rio Acaraú.
Posteriormente, outros portugueses, os irmãos Coronel Domingos Ferreira de Veras e Thomás Ferreira de Veras, naturais do Porto, introduziram a família Ferreira Veras na região compreendida entre a orla marítima da ribeira do Acaraú ao delta do rio Parnaíba, e as serras Meruoca, Ibiapaba, incluindo os vales dos rios existentes nessa área.
Os Veras da Praia da Barra Grande
Os Veras da Barra Grande são descendentes da miscigenação de pescadores chegados da praia de Bitupitá, com os nativos tremembés e comboieiros vindos do sertão cearense e das serras Meruoca e Ibiapaba.
Meus antecessores são de Bitupitá. Ainda hoje muitos familiares lá.
Então sou descendente dos Tremenbés tb?
Atualmente, compõem esses clãs familiares os sobrenomes: Ferreira Veras, Teles, Barroso, Pereira, Sousa, Araújo, Cardoso, Soares, Damasceno, Santos e Fontenele, entre outros.
Nascido em Bitupitá, descende de índia Tremembés com descendente de Vitorino Veras. Foi oficial do exército no RJ, músico e membro da Associação Brasileira de Trovadores. O Coronel do EB -Aldayr Pereira, filho do seu irmão João Batista, nasceu em Bitupitá após cursar o IME-Instituto Militar do Exército, foi Diretor Técnico e Diretor Presidente da Fábrical de Material Eletrônico do Exército .
A Praia da Barra Grande
Essa aprazível praia, está situada entre as barras dos rios Timonha e Camurupim, e até a primeira metade do século XVIII, gentios tapuias da nação Tremembé, ainda habitavam na aldeia do Aracati Mirim, localizada entre o mar e os lugares hoje conhecidos como Tapera e Santana, nas proximidades da Barra Grande e Barrinha.
Domingos Ferreira de Veras
A cumplicidade do abastado fazendeiro Domingos Ferreira de Veras com a Barra Grande, data da primeira metade do século XVIII, fato comprovado pelo registro de batismo a seguir, transcrito do Liv. Missão Velha, 1740/1747, fl. 119v:
“Aos oito dias de abril de mil setecentos e quarenta e três, na Fazenda. Tiaya, em casa do Cel. Domingos Ferreira de Veras, bautizei a Vicente, filho de Vicente e sua mulher de nação Tremembé, e lhes pus os Santos óleos. Item no mesmo dia bautizei a Quitéria da nação Tremembé. Todos estes tapuias assima ditos são do rancho do tapuia velho chamado Machado que há muitos annos vivem sobre si e assistem entre a barra do rio Timonha e a barra do rio Camorupim junto a beira do mar, pertencentes a aldeia do Aracati Mirim, cita nesta freguezia de Nossa Senhora da Conceição do Acaracu. Pe. Lourenço Gomes Lelou, cura e vigº da Vara do Acaracu”
O introdutor dos Ferreira Veras no Litoral Extremo Oeste do Siará- Grande
Foi o Coronel Domingos Ferreira de Veras [o velho], irmão de Thomás Ferreira de Veras, que, já idoso para a época, casou com Joanna da Costa Furtado , portuguesa ,viúva do irmão, tendo com ela duas filhas e um filho de nome Domingos Ferreira de Veras [o moço], do qual, o seu filho Victorino da Costa Ferreira de Veras, recebeu por herança dividida com a sua irmã Raimunda Ferreira de Veras C/C Coronel João de Andrade Pessoa Anta [fuzilado em Fortaleza em 1825 – Confederação do Equador], o trecho compreendido entre o Pontal das Almas [barra comum do rios Timonha/Ubatuba] e a Barra dos Remédios.
Quem é Vicente de Paula Araújo Silva?
* Autor Parnaibano descendente de índios, negros e colonos portugueses que adentraram no Piauí vindos da Bahia e Pernambuco. Autor do Livro História da Região da Parnaíba 1699 a 1799.
*O autor Vicente de Paula Araújo Silva teve as avós materna e paterna, Gonçala Ferreira Veras e Joana Alves Costa, nascidas no final do século XIX, nas localidades Leitão e Arara, próximas a Praia de Bitupitá, atualmente município de Barroquinha (CE), sendo as mesmas parentes próximas das famílias Veras e Teles da Barra Grande.
Conclusão
Essa é uma das muitas histórias que você encontra aqui em nosso site.
Conheça e divulgue para assim contribuir com nossa cultura e educação.
O povo que não conhece suas origens, não se valoriza.
Fontes
SEBRAE. Plano Estratégico do desenvolvimento Turismo no Piauí – 2012 / 2020, SEBRAE/PI: Teresina, 2012.
Silva, Vicente de Paula Araujo. História da Região da Parnaiba: 1699 a 1799: Villa Mont Serrathe de Parnahiba / Parnaiba: Siert, 2021
Artigo Publicado no ano de 2009, atualizado em 09/08/2022 – Pelo Autor.
