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Descubra o que aconteceu na região da Parnaíba após 1615

Você vai aprender neste artigo:

Igeja da Freceheira região da Parnaíba

Vários eventos ocorreram na região da Parnaíba para que ela viesse a surgir como vila em 1711

Muitas lutas, viagens, matanças e conquitas ocorreram na ragião

Quer saber parte dessa história? Você vai se impressionar!

Então fique aqui e leia até o final este post

A REGIÃO DA PARNAÍBA APÓS A EXPULSÃO DOS FRANCESES DO MARANHÃO EM 1615

Por Vicente de Paula Araújo Silva

A região litorânea do Piauí, na área compreendida entre o vale do ABIUNHAM(Rio Parnaíba), inclusive o seu Delta, o vale do Rio Camocim/Coreaú abrangendo a Serra do Ibiapaba, já era visitada por exploradores europeus antes  1500, conforme registros náuticos e históricos do velho continente.

Após o ano de 1500 , algumas ocorrências foram registradas por exploradores europeus, entre elas a do náufrago português, Nicolau de Resende, acolhido no Delta do Rio Parnaíba, pelos nativos em 1571. Após esse evento, muitos outros fatos aconteceram e a compilação dessas ocorrências constitui o acervo histórico que temos conhecimento.

Delta do Rio Parnaíba Piauí Brasil
Delta do Rio Parnaíba Piauí Brasil

Ao longo dos anos do século XVI, a região do Maranhão, que, segundo o Meridiano de Tordesilhas, pertencia à Coroa Portuguesa, ficou isolada e desprotegida, servindo de palco para a prática de escambo pirata entre índios da região e corsários europeus principalmente franceses instalados com feitorias na Ibiapaba e Ilhas do Maranhão. Diante disso, a Coroa Portuguesa reagiu e, através das ações concretas, expulsou os franceses do Maranhão, em 1615.

Igreja de Frecheira Cocal PI
Igreja de Frecheira Cocal PI, Região da Parnaíba (Imagem de André Carvalho)

Com a expulsão desses invasores, Coroa Portuguesa deslocou as suas intenções geoeconômicas para a Amazônia, mas, sem tirar de vistas a região da Ibiapaba. Daí, muitos fatos ocorreram que interligam a historicidade do Ceará, Piauí e Maranhão, como os discriminados a seguir:

Igreja de Frecheira Cocal PI (foto de André Carvalho)
Igreja de Frecheira Cocal PI (Imagem de André Carvalho)

Em 1616 –  O Sargento-Mor Baltasar Álvares Pestana, vindo pelo Rio Itapecuru, atravessou o Parnaíba e chegou a Olinda. A viagem durou cinco meses e certamente, passou pela região da Parnaíba, numa das rotas percorridas pelos Tupinambás em seus deslocamentos entre a serra da Ibiapaba e as Ilhas do Maranhão.

É possível que a sua expedição tenha estado no lugar Frecheiras, e lá tenha sido realizado o ato religioso, que através de história oral dos nativos da região, talvez, tenha levado Diogo Alves Pereira, a registrar a data de 1616, no alto da igrejinha de Nossa Senhora do Rosário do Pacoty, erigida por ele na sua forma atual a partir de 1781.

Igeja da Freceheira região da Parnaíba
Igreja da Freceheira Cocal Pi, região da Parnaíba com data em sua fachada de 1616

Em 26 de maio de 1619 na margem direita da foz do Rio Ceará, o Capitão Martim Soares Moreno e seus soldados, com a ajuda do amigo Algodão – Principal dos Potyguaras, construir o fortim de São Sebastião e uma ermida de Nossa Senhora do Amparo, dando origem a atual cidade de Fortaleza.

Forte de São Sebastião - Gravura do livro do holandês Arnoldus Montanus - ano 1671
Forte de São Sebastião – Gravura do livro do holandês Arnoldus Montanus – ano 1671

Em 12 de junho de 1621, para facilitar o controle administrativo e fiscal do Brasil, Filipe IV da Espanha, que governava a União Ibérica (Espanha e França) durante a dinastia dos Filipes, dividiu o país dois Estados distintos: Estado do Brasil, capital Salvador e Estado do Maranhão, Pará e extremo norte até o Meridiano de Tordesilhas. A partir dessa divisão territorial, iniciou-se a ocupação portuguesa de fato no Maranhão, capitaneada pelo Governador Jerônymo de Albuquerque.

Os governadores que sucederam Jerônymo Albuquerque continuaram a sua obra, usando a mesma metodologia de submissão dos nativos, administrada por padres de diversas ordens religiosas, sob a direção de um Superior das Missões. Daí surgiu às desavenças entre os poderes político e religioso, devido aos pontos de vista divergentes em relação ao tratamento dado aos Índios. Essa situação só foi atenuada com a notícia da chegada do novo Governador Geral do Maranhão, Antônio Coelho de Carvalho, em 1626. 

Antecipando-se aos fatos que viriam a acontecer, dada à influência dos militares da Capitania, Fr. Cristovão Severim de Faria resolveu ir ao encontro do governador nomeado, antes dele chegar à Capitania do Maranhão. Iniciou a sua expedição em 18/05/1626 e chegou ao Ceará, em 20/06/1626, onde foi recebido por Martim Soares Moreno.

Naufrágio na região da Parnaiba
Naufrágio na região da Parnaiba (Ilustração)

Nesse trajeto, após naufrágio na costa maranhense, foram assaltados pelos tapuias Aruchi e Uruatim. A sua comitiva era composta por 100 pessoas, e nessas refregas foram mortos três índios e feridos os religiosos Fr. João, Padre Baltasar e Frei José Correia. Essa expedição, ao chegar ao Forte de São Sebastião no Ceará, foi a primeira a fazer a ligação litorânea entre o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil, já que em 1616, o Sargento-Mor Baltasar Álvares Pestana, chegara a Olinda por outro caminho.

CAMINHO DE PERNAMBUCO AO MARANHÃO VIA CEARÁ E PIAUI passava na região da Parnaíba

A Estrada Velha, que tinha início em Pernambuco, é considerada a mais antiga rota entre Pernambuco e o Maranhão, tendo sido o suporte para penetrações nos sertões do nordeste brasileiro através de serras, rios, riachos e áreas úmidas existentes ao longo de sua trajetória. Sobre a referida estrada, descrita pelo eminente historiador cearense Carlos Stuart Filho, extraiu-se o trecho a seguir, que menciona o universo de caminhos rumo ao Maranhão, a partir do Jaguaribe, onde, Pero Coelho de Souza iniciou por terra sua expedição em 1603:

“(…) Até 1625, ela não chegava ainda à ilha de S. Luís. Nas praias de Lençóis, a meio caminho entre a ilha e o forte de S. Sebastião, viviam a Tremembé, tapuias exímios nas emboscadas e cujas terras não se atravessavam então impunemente. Nos primórdios da Conquista do meio norte, ia-se ao Maranhão, e regiões adjacentes pelas rechans da Ibiapaba (…). Entre a serra e as costas do Maranhão existiam ligações constantes e mais ou menos fáceis, conhecidas já dos franceses no século XVI.”

As rotas a que se referiu o autor mencionado eram caminhos conhecidos por índios da Ibiapaba, que seguiam após a travessia do Rio Parnaíba por outras vertentes até alcançarem as Baías de São José e São Marcos, onde estão situadas as Ilhas do Maranhão, para onde estavam voltados os olhos da Coroa na época. Umas dessas rotas seguia pelo Rio Pirangy (Pacoty), e atravessando o Rio Parnaíba, continuava margeando rios da antiga região do Iguará (bacia do Rio Munim) até o deságue na Baía de São José.

Igrejinha de Nossa Senhora do Rosário do Pacoty

Dentro da rota mencionada situa-se a localidade Frecheiras, atualmente município de Cocal (PI), que talvez fosse um ponto de parada num desses caminhos entre a serra da Ibiapaba e as ilhas do Maranhão. Há registros que entre 1609 e 1616, o padre português Francisco do Rosário, missionou na região, conforme menciona a renomada escritora Maria Adelina Amorim, em sua obra OS FRANCISCANOS NO MARANHÃO E GRÃO PARÁ – Problemática da Missionação na Historiografia, pag. 41.

Sargento-Mor Baltasar Álvares Pestana, região da Parnaiba
Sargento-Mor Baltasar Álvares Pestana, região da Parnaiba. (Ilustração)

Também, em 1616, o Sargento-Mor Baltasar Álvares Pestana, comandando um contingente militar de 20 soldados e 100 índios, partiu de São Luis, e seguindo pelo Rio Itapecuru, dirigiu-se até uma travessia no rio que seria conhecido como Parnaíba, donde, após atravessar a Ibiapaba, chegou a Olinda, numa viagem que duraram cinco meses, conforme menciona Barbosa Lima Sobrinho, em sua obra O DEVASSAMENTO DO PIAUI.

Assim, pode-se aventar a possibilidade de que numa estada nesse lugar situado à beira de um riacho interligado ao rio Pirangi, possivelmente na viagem de Baltasar Álvares Pestana, pode ter sido realizado um ato religioso, cuja história se propagou ao longo do tempo por nativos da região, dando origem a Igreja de Nossa Senhora do Pacoty, que até hoje desafia a imaginação dos historiadores a respeito de sua existência a partir de 1616.

A CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DO PACOTY NA REGIÃO DA PARNAHIBA EM 1616

Igeja da Freceheira região da Parnaíba
Igeja da Freceheira, Cocal PI, região da Parnaíba com data em seu frotespício de 1616

Localizada no vale do Rio Pacoty, atualmente Pirangi, a capela de Nossa Senhora do Rosário do Pacoty, seguindo a tradição das igrejas construídas pelos jesuítas, registra em seu frontispício da data de 1616. Este marco nos leva a crer, que o mesmo faça alusão ao primeiro evento religioso ocorrido no local. O processo de autorização  para a construção da capela na forma atual teve início com a petição do Mestre de Campo Diogo Alves Pereira, dirigida ao Reverendíssimo Senhor Doutor Vigário Geral e Governador do Bispado do Maranhão, João Duarte da Costa, secundada pelo Auto de Ereção de Capela – Autuamento, emitido em São Luis, na data 01 de maio de 1781. Os autos de Criação da Capela do Rosário do Pacoty, existentes no arquivo Público do Maranhão, comprovam todo trâmite da autorização para a sua construção, e foram publicados nas páginas do grupo Genealogia Cearense, em encaminhamentos dos historiadores Chaguinha Costa e João Bosco Gaspar. Nesses documentos, consta que o templo deveria ser construído, como foi, a uma distância mais ou menos de 50 braças da sede da fazenda, onde já existia um oratório.

Essa capela tem sido um desafio aos historiadores piauienses , visto que nos arquivos oficiais do Estado e do Bispado do Maranhão, bem como, registro de missionários que estiveram na região, não existe nenhuma referência a esse templo católico, como sendo do século XVII. Outrossim, verificando-se cartas de religiosos que estiveram no Maranhão, incluindo os franciscanos da França Equinocial, também nada se encontrou a respeito de algum templo no ano de 1616.

Conclusão

Este é um post ajuda você a compreender como vai ser A CRIAÇÃO DA VILLA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAHIBA anos depois.

Neste post você compreende que a Parnaíba surge dentro de um contexto histórico que vinha se desenhando há muito tempo.

Espero que tenha gostado deste Artigo do Escritor Vicente de Paula, conheça seu livro e conheça muito mais sobre a história da Região da Parnaiba.

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Até o Proximo!!!!

Fonte

SILVA, Vicente de Paula Araujo. História da Região da Parnaíba, 1699 a 1799: Villa Mont Serrathe de Parnahiba. Ed. Sieart, 2021.

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